O campo da inovação em saúde cresce a uma taxa exponencial, conhecido e difundido como tecnologia na saúde (healthtech), proporcionando as tecnologias em uso em unidades de saúde todos os dias e tecnologias futuras que auxiliarão na melhoria dos cuidados aos pacientes.
Como em outras indústrias e campos da economia, as empresas que investem constantemente nos avanços de tecnologia em cuidados de saúde podem auferir uma série de vantagens neste competitivo mercado.
Caso esteja interessado em conhecer mais sobre as tecnologias na área da saúde, continue lendo este conteúdo!
1. O que é a tecnologia na saúde
A tecnologia na saúde é uma série de soluções criadas através da conversa entre duas grandes áreas do conhecimento. Essa aliança entre saúde e tecnologia existe há décadas e é crítica para a evolução dos cuidados à saúde dos pacientes.
Isso acontece porque a saúde gera demandas e a tecnologia, seja com soluções de software, engenharia e até mesmo de user experience (UX), melhora a capacidade de atendimento dessas demandas. Como resultado, avanços tecnológicos são feitos, tanto em termos de entrega de serviço quanto em termos de procedimentos e equipamentos.
Com tais avanços tecnológicos, a nossa espécie foi capaz de desenvolver uma série de técnicas para prevenir e tratar doenças que previamente causaram tragédias significativas, a exemplo do desenvolvimento das vacinas.
No Brasil, é possível citar o trabalho exemplar do médico e cientista Oswaldo Cruz, cujos conhecimentos sobre a peste bubônica e febre amarela auxiliaram na erradicação dessas doenças no Brasil, através da criação de vacinas e soros no início de 1900.
2. A importância da tecnologia na saúde
A tecnologia na saúde é crucial, pois exerce um impacto enorme em como as doenças são diagnosticadas, tratadas e acompanhadas, assim como na gestão dos cuidados de saúde e no monitoramento dos pacientes. O impacto na redução de custos e ganhos de eficiência muitas vezes tem tradução em um maior número de pacientes passíveis de tratamento.
Em outras palavras, os avanços tecnológicos permitem tomar decisões mais precisas, eficazes e acertadas. Com essas ferramentas, o campo médico pode coletar dados sobre pacientes e determinar quais medidas preventivas são as mais úteis para reduzir o risco de doenças, por exemplo.
Além disso, com foco na prevenção de condições que causam doenças específicas, é possível reduzir os custos operacionais para diagnóstico e tratamento, que podem ocorrer tanto no sistema público quanto privado.
3. Vantagens da adoção de soluções tecnológicas na saúde
As tecnologias médicas têm impacto ainda nos cuidados de saúde e na relação médico-paciente. Hoje os chamados wearables (dispositivos tecnológicos de vestuário, como um smartwatch), podem ser usados para monitorar os pacientes, proporcionando maior autonomia e responsabilidade.
Vale notar também que a tecnologia na saúde tem ajudado em tudo, desde a educação até a prática clínica (como é o caso da teleconsulta). Assim, promove a saúde e previne doenças. E não para por aí, dentre outras vantagens da adoção de soluções de tecnologia na saúde podemos citar como exemplos:
- Maior assertividade nos diagnósticos;
- Oferta de melhor experiência de serviço ao cliente;
- Mais eficácia na gestão (com ajuda de sistemas como PACS, RIS, CIS, LIS e HIS);
- Maior controle financeiro com ferramentas de acompanhamento de despesas, faturamentos e análise de recursos e gastos;
- Organização de tarefas administrativas (recepção, finanças, recursos de pessoal);
- Gerenciamento de pessoas e grupos, com ferramentas de auxílio a divisão de tarefas e monitoramento da produtividade dos colaboradores;
- Controle do estoque;
- Integração e padronização do armazenamento de informações em bancos de dados, como o PACS.
4. Principais áreas de atuação da tecnologia na saúde
Várias invenções e tecnologias auxiliam no cuidado da saúde, tais como:
- Tratamentos;
- Exames;
- Prevenção.
Em termos de equipamento médico, vale mencionar a descoberta de Wilhelm Conrad Rontgen do raio X e os posteriores avanços tecnológicos que permitiram o conceito dar origem a aparelhos diagnósticos e terapêuticos que hoje formam a base da Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Radiologia Intervencionista e a Radioterapia.
Por volta de 1895, ele realizou a primeira radiografia não invasiva na mão de sua esposa. Assim, inaugurando uma nova era de exames não invasivos de órgãos e tecidos, que anteriormente só era possível através de cirurgia exploratória. Após isso, o raio X começou a melhorar, e as radiações em exames de imagem levou ao desenvolvimento de tomografia e equipamentos de imagem de ressonância magnética, entre outros procedimentos.
Hoje, com o uso generalizado da internet, observamos a criação de sistemas sofisticados, com tecnologias de informação e comunicação (TICs), que durante a pandemia do COVID-19 multiplicaram-se em múltiplas soluções de atendimento remoto, com ganhos de escala e proteção à saúde, através das plataformas de empresas de telemedicina.
5. Tecnologia na saúde pública
De acordo com a ANS (Agência Nacional de Saúde), desde 2018, mais de 3 milhões de cidadãos deixaram de usar planos de saúde e passaram a depender do SUS (Sistema Único de Saúde) [fonte].
Essa migração ocorreu como resultado das dívidas dos brasileiros e desemprego, assim como o aumento nos preços dos planos. Isso contribui para a sobrecarga do SUS. A adoção e o estímulo ao desenvolvimento de novas tecnologias na saúde pública objetivando atender essa gigantesca demanda surge como caminho imperativo como política de saúde pública.
Mesmo que o SUS seja um dos sistemas de saúde mais eficazes do mundo, com foco na atenção primária, há grandes perdas financeiras relacionadas à gestão, por vezes inclusive com desvios de verbas. Segundo a OMS, cerca de 40% dos gastos com saúde não são bem aproveitados por causa do gerenciamento ineficaz [fonte]. Ferramentas de fiscalização e registro surgem como alternativas para aumentar a eficácia dos órgãos fiscais na condução destes gastos.
Investir em tecnologia na saúde pública pode evitar longas filas para os leitos, contribuir na organização da distribuição de insumos médicos, organizar bancos de dados para pesquisas de saúde, entre outros benefícios como o desenvolvimento de sistemas mais eficientes nos campos da:
- Telemedicina;
- Prontuário eletrônico;
- Sistemas de gestão;
- Ferramentas de biometria;
- Aplicativos com melhor experiência do usuário;
- Cloud computing;
- Testes Laboratoriais Remotos (TLRs).
6. Tendências
Caso comparemos a área da saúde há 50 anos com o panorama atual veremos uma mudança da água para o vinho, e espera-se que essa tendência continue nos próximos anos com a adoção e desenvolvimentos de tecnologias disruptivas dentro do campo.
As tendências tecnológicas mais vitais em cuidados de saúde atualmente giram em torno de algumas grandes áreas:
- Big Data e Análise Preditiva;
- Realidade virtual aumentada e mesclada;
- Estratégia omnicanal para prestadores de cuidados de saúde;
- Soluções virtuais de atendimento;
- Produtos de saúde “vestíveis”, digitais e Internet of Things (IoT).
Quando se trata de tendências de saúde, a tecnologia tem um papel crítico. Porque, além de soluções como Cloud Computing e Big Data, a vinda do 5G ao país terá um grande impacto no setor, graças a sua significativa contribuição para aumento da conectividade. Desde ambulâncias inteligentes a ferramentas de telemedicina mais eficientes, a expectativa é que a vinda desse tipo de tecnologia na saúde terá uma influência positiva – como já falamos no artigo Tecnologia 5G na Saúde.
Da mesma forma que observamos a ascensão de novas tecnologias no campo dos cuidados de saúde notavelmente durante a pandemia da COVID-19, poderemos ter novos catalisadores de saltos tecnológicos nas próximas décadas. Eventos dessa natureza expõem falhas de longa data nos sistemas de saúde, reforçando e acelerando a importância da inovação tecnológica para atender as demandas.
Referências
- Secoli, Silvia Regina, et al. “Avaliação de tecnologia em saúde: II. A análise de custo-efetividade.” Arquivos de Gastroenterologia 47 (2010): 329-333.
- Silva, Rafael Celestino da, and Márcia de Assunção Ferreira. “A tecnologia em saúde: uma perspectiva psicossociológica aplicada ao cuidado de enfermagem.” Escola Anna Nery 13 (2009): 169-173.
- Maldonado, Jose Manuel Santos de Varge, Alexandre Barbosa Marques, and Antonio Cruz. “Telemedicina: desafios à sua difusão no Brasil.” Cadernos de Saúde Pública 32 (2016).
- Wen, Chao Lung. “Telemedicina e Telessaúde: um panorama no Brasil.” Informática Pública 10.2 (2008): 7-15.
- Chiavegatto Filho, Alexandre Dias Porto. “Uso de big data em saúde no Brasil: perspectivas para um futuro próximo.” Epidemiologia e Serviços de Saúde 24 (2015): 325-332.
- da Silva, Fabricio Alves Barbosa. “Big data e nuvens computacionais: aplicações em saúde pública e genômica.” Journal of health Informatics 8.2 (2016).
- de Siqueira, José Eduardo. “Tecnologia e medicina entre encontros e desencontros.” Revista Bioética 8.1 (2009).
- de Almeida, Marcio José. “Tecnologia e medicina: uma visão da academia.” Revista bioética 8.1 (2009).
- de Araújo Galvão, Paulo Bezerra. “Tecnologia e medicina: imagens médicas e a relação médico-paciente.” Revista Bioética 8.1 (2009).